EDIÇÃO 21 » ESPECIAIS

André Akkari


Amúlio Murta

Há cerca de um ano, o núcleo de produção da CardPlayer Brasil se reuniu para definir quem seria o primeiro jogador brasileiro a estampar uma capa da revista. Em decisão praticamente unânime, André Akkari foi o escolhido. Em julho, ele estaria na capa de nossa histórica edição de primeiro aniversário. E a entrevista foi marcada, e feita. A partir daí a História atropelou os nossos planos... Alexandre Gomes conquistou o primeiro bracelete para o Brasil. Em seguida, Caiaffa seria o melhor brasileiro em um Main Event. Maridu se tornaria jogadora do PokerStars. C.K. daria a volta por cima, e por aí vai. E a matéria com Akkari acabou não sendo publicada, até agora.

Akkari não é apenas mais um grande jogador: é um homem que se preocupa com a evolução e o reconhecimento social do poker. Já colocou sua cara e sua reputação a tapa, lançando a campanha “Texas Hold’em é Esporte”. Além disso, é um apaixonado pelo seu país e procura sempre levar nossas cores junto ao peito.

Se o poker do Brasil hoje tem projeção internacional, muito se deve ao esforço e à trajetória deste que foi um dos primeiros ícones desse esporte no país. Com vocês, André Akkari.

Amúlio Murta: Vamos voltar a tempos que parecem muito mais distantes do que realmente são: como era a sua vida antes do Poker?

André Akkari: Eu tinha uma empresa de tecnologia que produzia websites, sites de e-commerce, etc. Uma empresa pequenininha, com três funcionários só. Eu fiquei dois anos lá, mas antes disso eu já havia trabalhado na bolsa de valores, já tinha montado uma loja com a minha esposa, já tinha feito um monte de coisa.

AM: E o poker, como aparece na sua vida?

AA: Existia uma empresa que era parceira da nossa, uma agência de publicidade dos Estados Unidos, que mandava vários serviços pra gente, terceirizados aqui. Eles tiveram um trabalho para fazer com um site de poker. Eu fui o responsável por fazer o orçamento. Então instalei o software, para ver como que é que funcionava, e comecei a jogar. Jogava Play Money, brincando lá com o software. Daí... engatei! (risos)

AM: É verdadeira aquela história de que você construiu seu BR através de freerolls?

AA: Sim. Eu só jogava play money e freeroll. Fiz um mapa de freerolls na parede da minha casa. Tinha os dias da semana, os horários, e eu colocava lá todos os freerolls disponíveis na internet. Sempre que era possível, eu jogava.

AM: E quando foi que você despertou para o fato de que poderia se dar bem no poker?

AA: Eu fiquei uns três meses jogando freerolls, e então comecei a procurar informações. Vi que existiam vários livros importados, mas meu inglês não era tão bom. Mesmo assim, comprei uns livros e ficava com o dicionário lendo, que nem um louco. Nisso, acabei lendo mais de 30 livros. Em agosto 2005 tive meu primeiro resultado: eu tinha juntado uma grana em freeroll e comecei a jogar uns torneios multi-table grandes, com mil, mil e duzentas pessoas. Os buy-ins eram de 3 a 5 dólares, e de vez em quando atirava nos de $10. Então, meu primeiro grande resultado foi um torneio nesse valor. Fiz uma graninha boa, algo perto dos $2.000. No dia seguinte, ganhei o de $20, que deu uns $5.000. Aí eu comecei de verdade.

AM: Como todo mundo sabe, há uma tremenda diferença entre jogar na internet e sentar numa mesa de verdade, cara a cara com os adversários. Como foi sua transição para o poker ao vivo?

AA: Nessa época, todo mundo em São Paulo pegava no meu pé porque eu não conseguia chegar às mesas finais ao vivo. Eu não andava bem no jogo live, nunca tinha ganhado nada, ao contrário do online, em que eu conseguia bons resultados em freerolls e torneios pequenos. Todo mundo falava que eu tinha que jogar ao vivo com um mouse na mão, porque eu só sabia jogar na internet. (risos)

AM: Então, suponho que sua primeira vitória ao vivo deva ter sido muito comemorada. Onde e como aconteceu?

AA: Meu primeiro resultado ao vivo foi em Vegas. Eu nunca tinha conseguido premiação live no Brasil e, em novembro, os caras – Federal, Fabão e Brasa – me convidaram para ir a Vegas. Eu estava sem grana, numa fase financeira ruim, devendo no banco, no cartão de crédito, tava tudo confuso. Então me chamaram para ir até lá, porque eles iam ficar dez dias em Vegas, e eu sem grana... Fiquei naquela “vou, não vou”. Até que decidi: descontei um cheque com um amigo e fiquei com $2.000 para passar dez dias lá.
No dia em que chegamos, engatamos num torneio de $70. Já era caro. Para quem vai com $2000, $70 é pesado. Tinha 190 pessoas e eu consegui um 6° lugar. Isso me rendeu $475 dólares. Fiquei louco. (risos) Eu nunca tinha ganhado nada live, cheguei em Vegas e já peguei sexto. Ainda mais no Binion´s, uma casa tradicional do poker em Vegas.

Durante o evento, a organização anunciou que iria acontecer o torneio de aniversário do Doyle Brunson no dia seguinte. Todo mundo falava, “Cara, vai vir o Moneymaker, o Doyle Brunson, o Johnny Chan, todo mundo vai participar.” Custava $450 para entrar. Era um torneio que o Binion´s ofereceu de presente para o Doyle Brunson, uma comemoração. E os caras lá, “temos que jogar, temos que jogar”! E eu pensando, “vim com $2.000, ganhei $400 e vou gastar $500?” E eles, “vamos, vamos”, e como eu ganhei $470, começaram a dizer: “agora você já ganhou, é como se fosse um freeroll, vamos lá jogar!”

Passei a noite sem dormir direito. Mas os caras me convenceram e me levaram para o Binion´s, e fiz o buy-in. O torneio começou com quatrocentas e poucas pessoas. Então o field começou a diminuir: 450, 420, de repente, 400. O jogo estava muito duro – uma mão, 380, e caindo gente sem parar. Nisso caiu um brasileiro, depois outro e dali a pouco mais outro. Fiquei sozinho no torneio, pagavam 36. Quando faltavam 41 pessoas, eu era o pior, o último colocado. Os blinds eram 1.000-2.000, meu stack era de 5.000 fichas. Eu ali, desesperado, pensando, “vou ser o bolha do negócio, não acredito”.

Mas chega um momento em que você precisa ter um pouco de sorte. Digo isso não no jogo, mas na vida. Eu tinha 5k fichas, era o UTG, daí olhei: 5-5. Fui all-in. A mesa rodou em fold, mas um cara anunciou all-in de 67k. O sujeito ao lado dele empurrou all-in por cima, 180k fichas. Eu já tinha levantado, e os brasileiros lá, torcendo. Então o segundo jogador mostra J-J, e o primeiro, A-A. O flop bate A-J-2, depois viram 9-T, só que foram quatro cartas de ouros, e eu era o único que tinha uma de ouros na mão. Eu pulava pelo cassino, brasileiros pulavam de um lado para o outro, uma loucura. Tripliquei, cresci e fui andando. Cheguei à mesa final e ganhei o torneio. Faturei $22k – meu primeiro grande resultado live.

AM: Você já voltou dessa viagem com a idéia de se profissionalizar?

AA: Não. Até então eu trabalhava de dia e só jogava à noite. Mas depois dessa viagem eu já sabia o que queria fazer, só não sabia o caminho para conseguir. Ser jogador profissional, viver do jogo, era uma realidade muito distante. Mas eu já estava apaixonado pelo negócio.

AM: E como foi o processo de transição?

AA: Eu voltei para cá e continuei jogando online. Comecei a entrar em torneios maiores, de $50, $100. Mesmo com esses $22.000 que ganhei em Vegas, por causa das dívidas que eu tinha, foi tudo embora. Continuei me equilibrando e comecei a ter mais resultados online.

Então, depois de vencer metade das dezoito etapas de uma série realizada em São Paulo, chamada Vegas Open, consegui uma vaga para o Torneio do Conrad. Em dezembro, fui jogar o evento do Conrad e ganhei também. Faturei $100.000. Aí a coisa já melhorou: eu estava ganhando no poker mais do que ganhava na empresa.

Em janeiro, numa atitude parceira dos meus sócios da empresa, eles viraram para mim e falaram: “Cara, quer se arriscar nisso por um ano? Vai lá e arrisca. Se não der certo, você volta.” Assim, nem vendi minha parte na sociedade. Resolvi tentar.

No dia 16 de janeiro de 2006, decidi que me tornaria profissional de poker. Conversei com a Paula, minha esposa, e ela disse: “Se você acredita nisso, vai. Se está confiante, vai.” No dia seguinte eu ganhei o $320 do PokerStars. Duas semanas depois, faturei o $100 com rebuy.

AM: E como se deu o contrato com o PokerStars? E o que mudou em sua vida desde então?

AA: Em 2006 eu fui líder do ranking nacional. Até cheguei a brigar pelo ranking da CardPlayer americana. Foi um ano fantástico: eu jogava em vários sites porque não tinha torneio suficiente em apenas um. Meu nome começou a ganhar visibilidade. Montei o blog e as pessoas começaram a me reconhecer, inclusive no Orkut. Se eu estivesse numa mesa final, todo mundo ia lá e postava – tinha aquela história de torcida. Meu nome foi se projetando. Assim, em 2007, surgiu o interesse do PokerStars de patrocinar alguém aqui no Brasil, e os interesses se encontraram. Quando recebi o convite do Christian Toth, não tive como recusar: foi insta-call. (risos)

Mesmo já tendo acumulado mais de $200.000 só no poker online. A entrada para o time do Stars me proporcionou uma liberdade ainda maior para jogar eventos mais caros. Poder disputar um maior número de torneios também foi muito bom, além de me dar a oportunidade de conviver com aqueles que são conside-rados os maiores jogadores do mundo, como Negreanu e companhia. Ver esses caras jogarem acabou contribuindo tecnicamente na evolução do meu jogo, pois obtive bastante informações.

AM: Atualmente. Como são suas sessões e o que você tem jogado?

AA: Minha rotina tem sido jogar online dois a três dias por semana, forte. Principalmente domingo, que é o dia mais puxado pra mim. É quando eu procuro jogar todos os torneios grandes do PokeStars, o que dá umas 12 ou 13 telas ao mesmo tempo.

Tenho jogado cash game limit. Mas isso não é o que eu mais gosto de fazer: meu jogo favorito são os multi-tables online.

Também tenho treinado outras modalidades, porque quero jogar outros eventos menores, outras variantes, na Série Mundial. Gosto muito de Stud hi/low e estou tentando aprender um pouco mais de Stud Omaha.

AM: Saindo um pouco da mesa e falando de poker de modo geral, muito se fala do crescimento do Texas Hold’em no país. Gostaria que você fizesse uma análise do momento atual do poker nacional.

AA: O crescimento do poker é incontestável. A socialização dos torneios, a profissio-nalização dos jogadores e dos organizadores. O número de praticantes vem aumentando. Temos revistas, livros traduzidos e sites especializados, isso sem falar nos títulos, como o bracelete do Alê Gomes. Tudo vai melhorando. Então, acho que esse crescimento é indiscutível.

AM: Como você mesmo disse, já possuímos um bracelete e vários resultados fantásticos, além de diversas mesas finais live e online. Como você analisa o nível técnico dos nossos jogadores em relação ao resto do mundo?

AA: O nível dos brasileiros vem crescendo bastante – mais até do que muita gente poderia imaginar. Em termos numéricos, frente a um país como os Estados Unidos, por exemplo, ainda temos muito poucos jogadores. Proporcionalmente, porém, nossos resultados são muito melhores do boa parte dos outros países onde o poker é desenvolvido. Todo domingo tem um monte de brasileiro nas mesas finais no PokerStars, então, talento não falta. Temos um time de dez jogadores, que eu chamo de “batalhão de elite” do poker nacional. Esses não devem pra ninguém lá fora. São de alto nível técnico e que puxam a fila.

AM: Como você se sente diante dos comentários que seus resultados são excelentes na internet, mas que você não possui o mesmo desempenho ao vivo. A que você atribui isso? Por outro lado, é verdade que você é o líder de resultados online entre os membros do PokerStars Team Pro?

AA: Acredito que a chance de você crescer no jogo online é imensa, pois são jogadas muitas mãos por dia, então a amostragem é muito grande. Se eu consigo jogar quatro ou cinco telas ao mesmo tempo por dia, é óbvio que meu jogo online vai melhorar muito mais que o live. Mesmo assim, tenho bastante resultados ao vivo. Logo no primeiro ano eu tive os resultados de Vegas, do Conrad, e vários torneios regulares em São Paulo. Já ga-nhei duas Bellagio’s Cup lá fora e também o Main Event do Venetian, dentre outros. Meus ganhos live estão muito perto dos ganhos online. Só que, ao vivo, não tenho nenhum título de grande importância. Mas, somados, eles estão mais ou menos iguais.

Com relação à segunda pergunta, sobre ser líder dos resultados online, é verdade sim. Dentre os membros do time do PokerStars Pro, sou o recordista de premiação na internet. Possuo mais que o dobro do segundo colocado, o Bertrand “Elky” Grospellier.

AM: Falando um pouco do lado social do poker. Há cerca de um ano, preocupado com a imagem do poker na sociedade, você lançou a campanha “Texas Hold’em é esporte”. A idéia foi abraçada pela maioria da comunidade do poker no país, mas a campanha encontrou diversos obstáculos, pessoas contrárias à teoria. O que mudou de lá pra cá? Você já enxerga uma transformação na visão geral da sociedade a respeito da nossa ati-vidade? Você está convicto de que o Texas Hold’em é um esporte?

AA: Acho que a missão final da campanha foi cumprida. O que a gente queria era começar a transformar a cabeça das pessoas que não conheciam o poker, ou que tinham aquela visão estereotipada do jogador bebendo num ambiente enfumaçado, apostando a casa e perdendo. A gente queria mostrar que o poker é um esporte sadio, e que os torneios são outra proposta.

Quanto à discussão sobre o poker ser ou não um esporte, tenho certeza de que é um jogo da mente, assim como o xadrez e o gamão. Acho que é um esporte, sem a mesma atividade aeróbica dos esportes convencionais, mas com a mesma estratégia, e a mesma capacidade técnica e tática – se não for maior.

AM: Eu já o acompanho há algum tempo e percebi que você procura usar, principalmente em torneios internacionais, roupas que remetem ao Brasil – seja a camisa da seleção brasileira, um agasalho verde e amarelo, ou ainda alguma roupa em que apareça o nome do Brasil. Gostaria que você falasse um pouco sobre esse seu lado patriótico.

AA: Eu sempre fui uma pessoa muito emotiva com essa coisa de patriotismo, de torcida etc. As coisas mais importantes na minha vida são Deus, minha família e meu país. Sempre fui assim. Chorei quando o Guga venceu Rolland Garros, chorava nas vitórias do Ayrton Senna. Até desmaiar em final de copa do mundo eu já desmaiei.

Minha vida sempre foi assim. Além disso, acho que no poker a coisa aconteceu meio diferente para mim. Eu tenho uma dívida com a galera do Brasil, da comunidade do poker – pessoas que gostam de poker, que jogam e que torcem. Quando entrei para o time PokerStars Pro, só consegui porque sou brasileiro e eles estavam interessados no Brasil. Isso gerou uma dívida, o fato de as pessoas torcerem e terem projetado meu nome. Por isso não posso dizer que jogo pelo André Akkari e pela minha família: eu jogo por todo mundo que torce, que vibra e que comemora junto. Mas isso não é nada combinado ou preparado.

Eu amo meu país e amo ser brasileiro. Somos um povo especial, que sofre tanto, que é tão roubado por tanta gente – os caras abusam demais do povo. E mesmo assim a gente samba, vive rindo, tem mu-lher bonita pra caramba, gente que torce de coração. Somos um país diferente. Se você pegar um chat de mesa final de qualquer torneio por aí, não tem ninguém torcendo por ninguém. Não têm dinamarquês torcendo por dinamarquês ou alemão torcendo por alemão. Mas vá numa mesa que tem brasileiro: sempre tem torcida, vibração no chat, energia! Isso é ser brasileiro.

AM: O poker é um jogo de egos. Num mundo milionário cercado de prêmios, viagens e glamour, isso não subiu à sua cabeça. Você manteve a sua simplicidade e seu jeito de ser não foi alterado. Como você lida com essa questão?

AA: Simples: eu sei de onde eu vim, sei como comecei, sei da situação em que eu estava e na que estou agora. Só tenho a agradecer. Não tenho por que menosprezar os ou-tros. Pelo contrário, sou grato pelo que consegui e pelo que posso dar à minha família. E não é porque eu estou aqui agora, que tenho que sair por aí achando que sou melhor que os outros. A idéia é exatamente o contrário: eu procuro tratar a todos bem, e isso é o mínimo que posso fazer.

AM: E quanto às críticas, como você as recebe?

AA: Eu lido bem com isso porque sei separar as coisas. Sei que tem muita gente que acha que eu sou bom pra caramba, que eu jogo pra caramba, que eu sou o mestre... E tem muita gente que acha que eu sou um m****, que não jogo nada, que sou produto da mídia e tal...

Eu sou muito perceptivo. Quando falo com uma pessoa, sei que tipo de personalidade ela tem. Acho até que essa é uma das razões pelas quais tenho bons resultados no jogo.

Além disso, nós temos que entender esta geração do poker. É uma molecada que não ganharia mais do que R$500 por mês num trabalho regular. De repente, o cara está jogando uma mesa de $1.000... Isso mexe com a cabeça do garoto. Às vezes o moleque não é antipático nem tem o ego grande ou algo assim. Simplesmente, a idade dele não é compatível com os eventos que estão lhe ocorrendo. Isso acontece. É muita meninada. Imagine como fica a cabeça de um garoto desses quando puxa 5, 6 ou 10K?!

AM: E as bad runs, como você lida com aqueles períodos em que nada bate e seu jogo não encaixa?

AA: Em novembro de 2007, fui bolha onze vezes seguidas... Eu começava um torneio, bolha! Bolha na mesa final, bolha de premiação... A coisa tava tão feia que eu comecei a largar mãos boas porque achava que iria cair na bolha... (risos)

O que eu faço nesses períodos é não jogar. Procuro jogar o mínimo possível, e tento executar o lucro mais rápido que puder. Por exemplo, se eu entro num cash game com $1000, na hora que fizer $1080 eu saio. Pelo menos dá um sentimento de que você está ganhando, que está acabando a fase ruim. Tem gente que perde e não consegue se controlar, quer recuperar e jogar... Acho que esse problema eu não tenho, graças a Deus. O que eu faço é quase não jogar: vou ao cinema com minha esposa, ao jogo do Corinthians, e por aí vai – simplesmente fujo do jogo. Depois de uns três dias, vou lá e tento de novo. Até uma hora que tudo se encaixa de novo.

Na verdade, o poker é muito justificado pela confiança: se você perde a confiança, acabou. Isso transparece para os outros. Até online as pessoas sabem que você está passando por um mau momento, seja pelo tempo que você demora para apostar, pela velocidade com que aposta, pelo número de apostas, etc. Quando você está confiante, as pessoas largam as mãos que você quer que elas larguem, pagam os all-ins que você quer que elas paguem, tudo flui. É o lado emocional do jogo.  Então, a melhor coisa que eu faço, e que eu indicaria para as outras pessoas nessa fase, é se afastar do jogo quando não está legal.

AM: Como nós sabemos, você tem milhares de fãs espalhados pelo Brasil. Que mensagem você deixa para os jovens jogadores que o admiram, e que querem se tornar um futuro André Akkari?

AA: Acho que o segredo para se conseguir sucesso no mundo do poker é uma fórmula que mistura ousadia com controle de bankroll. É preciso ser ousado no estudo, na mesa, na agressividade. Se você for um sujeito muito travado, sem muita perspectiva, não vai conseguir se dar bem no poker. Chega uma hora em que é necessário arriscar, e casar isso com um bom gerenciamento de caixa, bom planejamento, impor metas para si. É importante definir quantas mesas vai jogar por dia, quantos SnG, qual o seu limite de perda. Afinal, quando a gente perde no poker, nossa forma de agir muda. Muda a coragem, a concentração, o modo de jogar. Seus blefes não passam com tanta facilidade se você demonstrar fraqueza, e quem aprender a lidar com isso terá mais chances de obter sucesso. 

Fora isso, é o famoso “100% de dedicação”, como em qualquer outra profissão. Muito estudo, dedicação e pensamento positivo. Poker é “vibe”, vibração mesmo, energia. Pense positivo, que as coisas vão dar certo para você e elas acabam dando mesmo. Acho que isso vale para o poker e para a vida!




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