EDIÇÃO 42 » MISCELÂNEA

Combate Mano a Mano: “JAKoon1985” Fala de Blefe e Slowplay com Base na Leitura do Range do Oponente


Craig Tapscott

Evento Main event do World Poker Tour Festa al Lago
Buy-in $10.000
Jogadores 335
Primeiro Colocado $831.500
Posição Quarta


Mão No. 1
Blinds 300-600
Antes 75
Jogadores na Mesa 9
Stacks Jason Koon – 75.000; Vilão 1 – 90.000;
Amit “AMAK316” Makhija – 125.000


Craig Tapscott: Você tem um stack bem grande neste estágio do evento. Qual é sua estratégia daqui para frente?

Jason “JAKoon1985” Koon: Ter mais de 100 big blinds me dá a capacidade de fazer praticamente o que eu quiser pré-flop e pós-flop. Posso dar 3-bet e 4-bet blefando, assim como atirar pós-flop se for necessário. O único problema é que meu sorteio de mesas neste torneio não foi muito bom. Em relação a abrir raise com um range de mãos mais amplo, você obviamente precisa aumentar sua frequência de raise quando os blinds ficam maiores. A maioria das pessoas entende isso. O que muitos não percebem é que, quando os stacks estão grandes e você está enfrentando jogadores fortes, é preciso estar muito ciente de sua posição. Em outras palavras, tenha muito cuidado quando os jogadores estão lhe atacando em posição.
Koon dá raise para 1.600 do UTG com 7 5. Vilão 1 volta reraise de 4.600.

JK: Minha leitura era a de que este jogador era capaz de fazer alguns moves. Também é crucial notar que ele tem mais fichas do que eu.

Amit Makhija dá call do small blind.

CT: O que você pensa quando um jogador sólido como Amit Makhija dá call do small blind nesta situação?

JK: A principal diferença entre o range de Amit e do vilão é que há muito menos blefes no range de Amit.

CT: Então, em que range você está colocando seus oponentes?

JK: De posição inicial, o range do vilão deve estar muito polarizado entre mãos de valor e blefes. Na prática, significa que ele deveria saber claramente se ficaria confortável em colocar mais de 100 big blinds no pote pelo valor. Então, se ele estivesse tribetando com uma mão como J-J ou A-K e eu voltasse uma 4-bet, isso o colocaria em uma situação complicada, considerando que estou dando raise do UTG e nós dois temos muitas fichas.

Se meu oponente estiver jogando bem, o range de 3-bet pelo valor dele deve ser algo como K-K+, o resto das mãos seriam blefes. Assim, eu não tinha como ter certeza de que ele não está mixando seu range, e tribetando e dando fold com algumas mãos mais fortes. Em resumo, o range dele de 3-bet pelo valor é tão pequeno que torna muito difícil ele ter uma mão com a qual possa estar preparado para jogar um pote monstro, principalmente considerando que Amit deu somente call do small blind.

CT: E Amit?

JK: Seria necessário um blefe muito sofisticado para ele dar call em uma 3-bet de posição inicial, e estar disposto a jogar as streets posteriores fora de posição contra dois jogadores em um pote inflado. Se ele decidisse blefar aqui, acredito que, na maioria das vezes, ele voltaria uma 4-bet em vez de dar apenas call. Então, o range de Amit é algo como T-T+ ou A-K. Ele ocasionalmente fará slowplay com A-A ou K-K também, embora em uma porcentagem razoável das vezes ele preferisse dar uma 4-bet com essas mãos. Saber que Amit tem um range tão forte coloca tanto o vilão quanto a mim em uma situação muito difícil.

CT: Então, qual é sua melhor opção aqui?

JK: Dar fold certamente é uma opção, já que tenho um mero 7 como carta mais alta. Dar call na 3-bet parece mais lucrativo da perspectiva das pot odds, considerando que o preço está bom. Quanto às implied odds de jogar valendo o stack inteiro de alguém, 7-5 é uma mão para induzir ao erro. O único problema com o call aqui é que minhas implied odds para jogar valendo o stack de um cara tão forte quanto Amit nunca são tão boas, independente da força do range dele, já que ele é muito bom em ler mãos e jogar pós-flop. Minha terceira opção é voltar uma 4-bet... Isso parece suicídio, certo?

CT: Tenho certeza de que você vai me dizer por que não é.

JK: É claro (risos). Pensando bem, decidi que uma 4-bet era o melhor a se fazer, porque assim eu coloco o vilão em uma situação terrível, já que Amit fala depois dele. E Amit não apenas tem mais fichas do que ele, como também tem um range muito forte. Levando em conta que Amit está bem ciente de que eu sei que o range dele vai em direção ao nuts, uma 4-bet me faz parecer extremamente forte. Agora estou dizendo que tenho A-A ou K-K e nada mais.

Koon volta 18.500. Vilão 1 dá fold. Makhija dá fold. Koon vence o pote de 12.075.

Mão No. 2
Blinds 10.000-20.000
Antes 3.000
Jogadores na Mesa 7
Jogadores Restantes 13
Stacks Jason Koon – 400.000;
Andrew Frankenberger – 1.500.000

CT: Defina esta mão para nós.

JK: Andy [Andrew Frankenberger] havia me enfrentando por horas no dia anterior e mais cedo neste mesmo dia, principalmente porque lhe mostrei um blefe no dia anterior. É importante dizer isso porque notei um aumento drástico no número de potes que ele jogou contra mim. Percebi que ele raramente dava fold no big blind quando eu dava raise. Ele mostrou 7-5 off em defendendo seu big blind no dia anterior, então eu tinha certeza de que ele estava utilizando um range muito amplo contra mim.

Koon dá raise de 40.000 do button com A 9. Frankenberger dá call do big blind.
Flop: 8 4 2 (pote: 111.000)
Frankenberger dá check.

CT: Você deve dar uma continuation bet nesta situação?

JK: Considerando que ele está se defendendo contra mim com um range muito amplo, ele certamente poderia ter se conectado com este flop. Mas o bordo é tão seco que é muito provável que eu tenha a melhor mão com ás como carta mais alta. O problema de apostar é que, se eu tomar raise, estarei em uma situação muito ruim. Não fico confortável em jogar valendo todo o meu stack com apenas ás como carta mais alta. Então decido manter o pote pequeno.

Koon dá check.

Turn: 9 (pote: 111.000)

CT: Não é uma carta ruim.

JK: É a carta dos sonhos para mim.

Frankenberger aposta 90.000. Koon paga.

JK: Com apenas pouco mais de 300.000 restantes, decido dar call e fazer slowplay com a minha mão. Estou vencendo a maioria das mãos prontas dele, e esmagando a maioria de seus blefes.

CT: Mas você está dando a ele a chance de acertar uma mão com uma carta grátis.

JK: Sim. Estou dando a ele uma carta grátis no river, e uma chance de melhorar e conseguir a melhor mão, mas levando em conta o estágio crítico do meu stack, este é um slowplay no qual não preciso pensar duas vezes. Basicamente, vou dobrar contra a maioria das mãos dele, então preciso dar a ele a chance de blefar no river.

River: 4 (pote: 291.000)
Frankenberger vai all-in. Koon paga. Frankenberger mostra K Q. Koon vence o pote de 825.000.

CT: Belo call.

JK: Obrigado. Apesar ter vindo uma carta boa para mim no river, é importante dizer que eu tinha intenção de pagar de qualquer jeito, por causa da probabilidade de ele mostrar um blefe e pela maneira como fiz slowplay com a minha mão.

Jason “JAKoon1985” Koon é pós-graduado em finanças e já ganhou mais de US$1,7 milhões em torneios online, e US$330 mil em torneios live. Ele venceu o evento No. 17 do SCOOP, de high-stakes, faturando mais $302.000. E também já cravou quatro torneios semanais de $1.000 dólares de buy-in, embolsando mais de US$250 mil.




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