EDIÇÃO 44 » MISCELÂNEA

Combate mano a mano: Briga de Cachorro Grande: Brian Hastings contra ‘Isildur1’ no Pot-Limit Omaha


Craig Tapscott e Brian Hastings

Jogo Cash game de pot-limit Omaha heads-up no Full Tilt Poker
Blinds $25-$50
Antes $10
Stacks Brian Hastings – $14.448      Isildur1 – $93.579,50

Viktor “Isildur1” Blom dá raise para $170 do button. Brian Hastings volta reraise para $530 com A Q J 7.

Craig Tapscott: Quando você resolve enfrentar um oponente inteligente e agressivo como Isildur1, que tipo de plano você tem ao entrar na sessão?
Brian Hastings: Eu chego a uma disputa como essa esperando que ela seja loose-aggressive. Espero grandes potes e muitas decisões difíceis a serem tomadas por ambos os jogadores. Eu acho que, se começar bem e ganhar alguns potes grandes cedo, posso aproveitar a boa fase e aumentar minha vantagem. Se começar mal, provavelmente desisto e volto depois; mas se eu estiver me sentindo realmente confiante, continuo jogando.

CT: Quais as maneiras de se ajustar ao jogo de Isildur1 e conseguir deixá-lo confuso?
BH: Bem, francamente, não é muito fácil. Ele faz um excelente trabalho equilibrando suas gamas e blefando numa freqüência boa. Isso é muito difícil de combater. O melhor que posso fazer é tentar fazer leituras em situações específicas em que o equilíbrio dele não está tão bom quanto normalmente é, explorar isso, e tentar deixá-lo irritado.

CT: Quais fatores passam pela sua cabeça ao decidir pagar ou tribetar pré-flop fora de posição?
BH: O jogo estava muito agressivo, e eu acho que essa é uma situação em que tanto pagar quanto reaumentar são opções viáveis. Os principais argumentos a favor do reraise são que eu estou bem à frente da gama de open-raise dele e serei pago por algumas mãos extremamente fracas que flopam mal, e possivelmente farei com que ele dê fold imediatamente (embora eu espere que isso ocorra com pouca frequência, por causa dos nossos stacks grandes).

CT: E a favor do call?
BH: Os principais argumentos a favor do call são que eu estou fora de posição e tenho um grande stack. Além disso, vou construir um pote maior sem posição durante toda a mão caso resolva dar reraise. Dar call manteria o pote menor. E embora minha mão seja boa, ela não é ótima, e é pouco provável que eu engane alguém, tendo em vista as cartas altas de minha mão. A diversidade da minha gama de 3-bet ajuda um pouco nesse aspecto, mas eu ainda tenho várias outras mãos de cartas altas com as quais preferiria tribetar. Pesando tudo, acho que o call é a melhor jogada, mas acho bom mixar dando raise 20% ou 30% das vezes.

Flop: J 10 6 (pote: $1.080)

BH: Esse é um flop decente para minha mão, e acho que ele espera que acerte bem a minha gama. Eu tenho top pair, uma queda para a broca nuts e o A como blocker caso bata outra carta de copas. Então, acho que raramente ou nunca tomarei um raise light. Aqui, uma aposta é bastante clara.

Hastings aposta $850. Isildur1 paga.

CT: O call de Isildur1 restringe a gama dele para você?
BH: Quando ele dá call, é difícil restringir muito sua gama, pois acho que ele pode ter quaisquer dois pares, uma trinca, um par e um draw (forte ou fraco) ou talvez até menos.

Turn: 7 (pote: $2.780)

CT: Como essa carta muda as coisas para seu plano continuar sendo agressivo?
BH: Bem, é uma carta interessante. Eu acerto dois pares, e é uma carta para flush também. Embora eu tenha o nut blocker e meus dois pares pareçam não ser a melhor mão com frequência (e possam ser vítimas de blefe caso sejam a melhor mão), eu acho que a melhor jogada é apostar de novo e planejar apostar em muitos rivers.

Hastings aposta $2.000. Isildur1 paga.

CT: E agora? Você consegue delimitar a gama dele?
BH: Quando ele paga minha aposta, acho que flushes (tanto fortes quanto fracos), 9-8-X-X, J-10-X-X e trincas compõem a gama dele.

River: 10 (pote: $6.780)

BH: Essa é a decisão mais interessante da mão, em minha opinião.

CT: Você pode dar um terceiro tiro com essa carta do river?
BH: Embora no turn eu tenha planejado atirar em muitos rivers, esse é particularmente complicado. Minha mão não tem chances de vencer no showdown, então a única maneira de ganhar esse pote é blefando.

Hastings aposta $6.000.

CT: Estou curioso para entender seu raciocínio maníaco aqui, Brian.
BH: Determinar a melhor decisão a se tomar depende de com que frequência eu acho que ele dará fold diante de uma aposta. Tendo em vista o tamanho da minha aposta ($6.000), e levando em conta que eu acho que pedir mesa aqui tem EV zero e um blefe tem uma taxa de sucesso de x, precisamos que 6.780x + (-6000)(1-x) seja maior do que zero para que uma aposta de $6.000 seja melhor do que um check.

CT: Mas por que esse valor na aposta?
BH: Disparei $6.000 porque acho que é uma quantia que dá para acreditar que eu apostaria se tivesse um full house ou o nut flush. E eu não queria dar nenhuma informação que aumentasse a frequência de call dele. Se minha gama estivesse equilibrada com essas mãos em vários valores de apostas, elas seriam opções viáveis também. Tomando uma aposta de $6.000, era preciso que meu blefe funcionasse cerca de 47% das vezes para minha aposta ter EV positivo.

CT: E a mão de Isildur1?
BH: Eu não sei se ele largaria um full house. E flushes e straights são pega-blefes aqui, já que eu acho que apostar pelo valor aqui, com algo menor que um flush de rei, seria loose demais. Além disso, eu não espero que ele ache que eu apostaria pelo valor com algo pior do que isso.

CT: Algum outro pensamento passou pela sua cabeça na hora de decidir de apostar nesse river?
BH: Um fator que ajudou minha decisão de apostar foi o fato de eu ter um valete e um 7 na mão, o que faz com que seja significativamente menos provável que ele tenha um full house. Há apenas dois valetes, dois dez e dois setes no baralho. Há ainda três seis, mas 10-6 é pouco provável, por causa da ação. Então, para que ele tenha um full house, precisa ter dois valetes ou dois setes, J-10 (quatro combos), 10-7 (quatro combos, mas pouco provável, devido à ação) ou 6-6 (seis combos). Há muito mais combos de flushes e straights possíveis. Além do mais, ele pode dar raise com trincas ou dois top pairs no flop. É certamente mais provável que ele dê raise no flop com essas mãos do que com um draw medíocre, que agora representa o resto de sua gama. Juntando todas essas suposições, eu diria que ele tem um full house 10% das vezes aqui, e jamais o largaria. Então, preciso que ele dê fold mais de 47 ÷ 90 = 52% das vezes em que ele tem um flush ou um straight para que meu blefe tenha EV positivo e, portanto, seja melhor do que simplesmente dar fold. Acho que é esse o caso, embora ele certamente não tenha medo de dar calls heróicos nas situações certas.

Isildur1 dá raise all-in. Hastings dá fold. Isildur1 ganha o pote de $12.780.

BH: Dessa vez ele aumentou no river, me levando a crer que de fato tinha o full house. Independentemente do resultado, nenhuma de minhas suposições foi contrariada, e eu acho que fiquei contente com meu blefe. Contudo, se eu começasse a blefar com muita frequência nessa situação e ele percebesse, ele poderia me explorar dando calls frequentes com pega-blefes. Acho que essa mão ajuda a demonstrar por que ter gamas equilibradas é tão importante para ser bem sucedido contra jogadores difíceis.

Brian Hastings é formado em economia pela Cornell University e instrutor do Cardrunners.com. Você pode encontrá-lo jogando principalmente PLO high-stakes no Full Tilt Poker.




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