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Copag 100 Anos - O Brasil que dá as cartas

Há exatamente um século, pelas mãos de Albino Gonçalves, nascia uma empresa genuinamente brasileira que se tornaria líder mundial na fabricação de baralhos: a Companhia Paulista de Artes Gráficas ou, simplesmente, COPAG.


Bruno Nóbrega de Sousa

Muito antes de o poker se tornar esse grande sucesso, os baralhos da Copag já faziam parte do entretenimento da família brasileira. Quem nunca se divertiu jogando truco, buraco, pif-paf e vários outros jogos com as cartas da Copag? Contudo, o que muitos não sabem é que essa marca, tão conhecida por nós brasileiros, é amplamente utilizada pelos principais cassinos ao redor do globo e foi fornecedora oficial, por dois anos consecutivos, dos baralhos utilizados na maior série de torneios de poker do planeta – a World Series Of Poker.

Quando da sua fundação, em 1908, a empresa funcionava como importadora de baralhos europeus, dando início à sua linha de produção própria dez anos depois. Na década de 70, o reconhecimento internacional: a Copag recebe, em Londres, durante a Convenção Internacional dos Fabricantes de Cartas para Jogar, o título de “Melhor Baralho do Mundo”, graças ao modelo 139.

Em 1985, outro importante passo: a mudança da fábrica de São Paulo para Manaus. Em plena Amazônia, implantava-se uma das mais avançadas estruturas para produção de jogos de cartas do mundo. O resultado dessa modernização? A empresa tornou-se detentora também de alguns dos principais selos de qualidade existentes, como ISO-9001, ISO-14001 e SA-800, este último, voltado para a responsabilidade social.

Hoje, sua linha de produção conta com mais cem produtos, todos elaborados com tecnologia de ponta, podendo ser encontrados na Europa, América Latina, Estados Unidos e vários outros países, nos cinco continentes.

Com o passar do tempo, o festejado modelo 139 passou a ser o carro-chefe da marca, sendo considerado o preferido dos jogadores profissionais. Em 1994, foi lançada uma linha de baralhos com material totalmente plástico e, após mais de dez anos de aperfeiçoamento, a empresa passou a produzir os melhores baralhos de plástico do mundo.

Em 2007 a empresa realizou uma pesquisa junto a jogadores e dealers, a fim de avaliar quais características agradam mais aos praticantes de poker. Com base nos resultados obtidos, a Copag lançou a linha “Texas Hold´em”, que foi sucesso imediato.

Esse baralho, fabricado com a mais sofisticada matéria-prima para cartas, propicia fácil manuseio, deslize suave e nenhuma transparência. Isso permite uma melhor distribuição das cartas, e impede que as mesmas sejam amassadas ou marcadas com facilidade. Construído em formato “poker size”, ele é considerado, pela maioria dos jogadores, profissionais ou não, o melhor disponível no mercado para a prática do Texas Hold´em.
A evolução natural do produto fez com que a Copag criasse uma série de variantes para essa linha. Os novos modelos possuem três tamanhos de naipes (grande, convencional e peek) e podem ser encontrados em três cores diferentes (preto, azul e vermelho).
Para celebrar esse grandioso marco que é completar 100 anos, a Copag reuniu os principais nomes do poker brasileiro para sua campanha publicitária. Foram chamados André Akkari, Igor Federal, Christian Kruel, Raul Oliveira, Leo Bello, Leando Brasa e Cinthia Escobar.

A fim de conhecer um pouco melhor essa marca que representa tão bem nosso país mundo afora, a CardPlayer Brasil conversou com Robson Tatimoto, diretor-chefe de operações da Copag. Nesta entrevista, ele fala sobre a WSOP, a importância dos ídolos do poker nacional na popularização do esporte e muito mais.

Vale a pena conferir, afinal, quando o assunto é baralho, é a Copag quem dá as cartas, literalmente.


Card Player Brasil: A Copag é detentora dos principais certificados de qualidade existentes, como ISO-9001, ISO-14001 e SA-8000. De que forma essa preocupação com o elemento humano, social e ambiental repercute nos produtos desenvolvidos pela empresa?

Robson Tatimoto: Para nós da Copag, nossos funcionários representam a parte mais significante de nosso ativo. Entendemos que as pessoas são essenciais para que qualquer negócio atinja resultados positivos.

Uma instituição pode ter os mais modernos equipamentos, os mais sofisticados sistemas de controle de processos e uma administração eficiente, entretanto, se não tiver a preocupação com “quem” faz tudo isso funcionar, estará fadada ao fracasso.

Os consumidores também têm essa percepção.

As empresas devem estar sempre atentas e ter em mente que as informações, hoje em dia, são pulverizadas rapidamente. Portanto, não somente produzir produtos de alta qualidade, mas a ética e o respeito para com o ser humano e ao meio ambiente, são fundamentais para o sucesso. A Gestão da Qualidade dos Produtos e Gestão da Responsabilidade Social também são variáveis imprescindíveis.

Na minha visão, quem não trabalhar nesse sentido, estará fora do mercado em pouco tempo.


CPBrasil: Vocês exportam baralhos para alguns dos principais cassinos do mundo e forneceram, em 2005 e 2006, os baralhos utilizados na WSOP (World Series of Poker). Conte-nos um pouco sobre isso.

RT: Nosso grupo possui uma empresa subsidiária nos Estados Unidos, a Copag USA. Ela foi fundada em 1997, e está adequada com toda capacidade logística e de fornecimento local. (www.copagusa.com)
A marca Copag há 100 anos é um ícone em qualidade de baralhos fabricados em cartão couché, principalmente em seu modelo Copag 139. Entretanto, nos últimos quinze anos, investiu e trabalhou intensivamente na produção de baralhos 100% plásticos, até que atingiu uma qualidade tal que deixou consumidores impressionados nos quatro cantos do mundo.

Foi então que, em 2005, a Copag USA foi abordada pelos organizadores do WSOP em uma feira em Las Vegas. Eles tinham a intenção de estruturar aqueles eventos utilizando baralhos plásticos da Copag.

A notícia foi gratificante para nós. Fornecer, em parceria, nossos produtos para um evento expressivo como a WSOP foi um endosso da qualidade excepcional de nossos baralhos plásticos.


CPBrasil: Milhões de brasileiros utilizam os baralhos fabricados pela Copag, provavelmente sem imaginar que têm em mãos – literalmente – produtos considerados os melhores existentes no segmento. O que faz desses baralhos os melhores do mundo?

RT: Em primeiro lugar, devo salientar que nós só atingimos esse nível pela capacidade e empenho das pessoas envolvidas em todo processo produtivo, comercial e pós-comercial da Copag.

Falando sobre os produtos em si, a Copag possui equipamentos em sua unidade fabril de última geração, alguns customizados especialmente para a fabricação de cartas e os outros considerados os mais avançados do mundo no setor.

As matérias primas, na sua grande maioria importadas, são submetidas ao mais rigoroso sistema de controle de qualidade. Nem os mais simples defeitos nas matérias-primas ou pequenas falhas em impressão, cortes das cartas ou embalagens, são tolerados.

Nossos baralhos em plástico e cartão são exportados para os mais diversos países ao redor de todo o mundo, países com alto nível de exigência em qualidade.

Devo salientar ainda a importância de nossa credibilidade em fornecer baralhos para centenas de cassinos nos cinco continentes.

E com a associação da Copag ao grupo belga Carta Mundi, em 2005 (maior grupo fabricante de cartas da Europa), mais investimentos em tecnologia foram feitos, sempre no sentido de se produzir baralhos com a máxima qualidade.

Nossa responsabilidade é mais do que dobrada. É um desafio que não tem fim.
 


CPBrasil: Robson, o poker no Brasil está crescendo de forma acelerada. Porém, ainda existem restrições que impedem o pleno desenvolvimento do esporte no país. Qual o posicionamento de vocês em relação a essa questão? E o que falta para a completa regulamentação da prática dessa atividade no Brasil?

RT: O Texas Hold´em é um esporte e deve ser considerado como tal. Minha primeira impressão é a de que se alguém avaliar minimamente a estrutura do jogo, concorde com isso.

O torneio é o caminho para o reconhecimento oficial do Texas Hold´em como esporte. Acredito que o aprofundamento nas discussões sobre o assunto, conduzirá naturalmente a essa conclusão.
É uma questão de tempo para que essa realidade seja evidenciada.


CPBrasil: Sabemos que ainda existe preconceito em relação ao poker, afinal, muitos pensam se tratar de jogo de azar, no que estão equivocados, já que o fator sorte é minimizado no longo prazo. Como vocês encaram essa dualidade entre habilidade e sorte no poker? E como analisam a necessidade do estudo da teoria, da matemática e da psicologia para ser um vencedor no feltro?

RT: Existem diferenças entre categorias diversas do jogo de poker.

Tratando-se do Texas Hold´em, sorte e azar podem ser neutralizados no longo prazo. Não é preciso ser um expert em estatística para se chegar a essa conclusão.

O estudioso de Texas Hold´em sabe que, ao longo do tempo, não há margens para o azar e o que predomina é a técnica e a perícia do praticante, como em qualquer outro esporte.

A parte psicológica é a que mais me chama a atenção nos campeões. O Phil Hellmuth tem 11 braceletes. Será sorte?

Cada um desenvolve seu estilo próprio e assim são capazes de surpreender a todo tempo. Estudo, dedicação e um certo “dom” são variáveis para desenvolver essa capacidade.

A percepção das tells dos adversários, a possibilidade de disfarçar quando se está ou não com uma “mão grande”, a coragem de foldar ou dar all-in em determinadas jogadas, entre outras, são características intangíveis que somente um esporte como esse é capaz de proporcionar aos seus participantes e aos seus expectadores.


CPBrasil: Na nova campanha publicitária da Copag estão alguns dos principais jogadores do Brasil. Qual a importância da participação dessas personalidades na popularização do poker no país?

RT: Na história isolada de cada modalidade esportiva podemos notar uma quebra de era em antes e depois de algum ídolo ser consagrado.

No caso do Brasil, se você olhar para o jogo de sinuca, há uma quebra de era de antes e depois de Rui Chapéu, o mesmo pode ser dizer do tênis com o Guga, na Fórmula 1 com Gil de Ferran, Piquet e Senna mais recentemente. Baseando-se nessa inspiração, entendemos que uma das melhores maneiras de popularizar um esporte é através de seus ídolos.

Devido ao sucesso que o baralho Copag Texas Hold´em atingiu em uma só versão no último ano, resolvemos lançar a família Copag Texas Hold´em em 2008, em seis versões.

A família Copag Texas Hold´em inicialmente é composta por baralhos em três cores e três modelos diferentes que possuem as características que convergem com a pesquisa que fizemos com centenas de dealers, crupiês e jogadores profissionais ao longo do tempo.

Em termos de flexibilidadade, as características do baralho são singulares. Não é nem muito flexível, nem muito duro para embaralhar. Possui larga durabilidade. Não soltam as tintas. É coberto por um verniz especialmente desenvolvido para que o deslize possa ser o mais perfeito na distribuição das cartas e possui versões em naipes grande, convencional e peek.

Em meio a esse lançamento enxergamos a possibilidade de criarmos uma parceria com os ídolos: André Akkari, Igor “Federal”, Leandro “Brasa”, Leo Bello, Christian Kruel e Raul Oliveira. Assim, a Copag lançou em Abril deste ano a Família Copag Hold´em.

Devo dizer também que há centenas de mulheres no mundo do Texas Hold´em. Por isso, e por possuir muita expertise convidamos a Cinthia Escobar para fazer parte da campanha, representando assim a massa de jogadoras existentes no país.  Texas Hold´em, ainda bem, não é um esporte puramente masculino! (www.copag.com.br/texas)


CPBrasil: Os analistas internacionais consideram nosso país uma provável potência do poker mundial. E alguns brasileiros têm conseguido expressivos resultados no circuito internacional – vide o exemplo de Felipe Mojave, que recentemente ficou em 13º no EPT (European Poker Tour), etapa de San Remo. Como vocês vêem o futuro do esporte no Brasil?

RT: Se você olhar para fora vai encontrar Daniel Negreanu, Carlos Mortensen, Erik Seidel, Johnny Moss, David Pham etc.. Somados, é muito tempo de estrada...

Estou convicto de que temos jogadores brasileiros do mais alto nível técnico, embora ainda o esporte em nosso país esteja no início.

Às vezes penso em quantos braceletes alguns brasileiros conquistarão nos próximos 10 ou 20 anos e acredito que não serão poucos. Só o Phil Hellmuth, Doyle Brunson e Johnny Chan somados possuem mais de 30.

Veja o histórico de 2007 no Brasil: The Decano, André “Pardal”, Sergio Brun, entre outros jogadores talentosos. São exemplos me fazem acreditar que nos próximos anos os brasileiros estarão entre os melhores do mundo.


CPBrasil: Robson, muito obrigado pela entrevista. Sinta-se a vontade para deixar seu recado aos leitores da CardPlayer Brasil.

RT: Gosto muito da citação de Marta Putz, encontrada no livro “Aprendendo a Jogar Poker” do escritor Leo Bello:
“Texas Hold´em é como qualquer esporte: precisa de treino (estudo), prática de jogo e dom.”
Aos leitores da CardPlayer Brasil eu desejo muito sucesso e que continuem prestigiando, com sua leitura, esta já bem conceituada revista brasileira que está sempre nos informando sobre o que está acontecendo no mundo do Texas Hold´em. 

Agradeço pela oportunidade da entrevista e parabenizo pelo bom trabalho e excelentes matérias que podemos acompanhar ao longo das edições.




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